O anseio do mistério sem nome
Ter o eterno e sentir sua ausência
Lança-nos ao dissabor da falência
Paradoxo brutal que a fé consome
O que nos prende a tão absurda fome?
A distorção da natural essência
Do tempo vítima, sem existência
Serve ao desejo sem ter quem o dome
Mas a graça única do Cordeiro
Que a altivez humana ao pó reduz
Uniu-nos com o tempo verdadeiro
Pois antes mesmo da formação da luz
A salvar do destino derradeiro
Fez-se o brado: Haja cruz!
E houve cruz...
Felipe Valente
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