22 de julho de 2009

Tempo


O anseio do mistério sem nome


Ter o eterno e sentir sua ausência


Lança-nos ao dissabor da falência


Paradoxo brutal que a fé consome


O que nos prende a tão absurda fome?


A distorção da natural essência


Do tempo vítima, sem existência


Serve ao desejo sem ter quem o dome


Mas a graça única do Cordeiro


Que a altivez humana ao pó reduz


Uniu-nos com o tempo verdadeiro


Pois antes mesmo da formação da luz


A salvar do destino derradeiro


Fez-se o brado: Haja cruz!


E houve cruz...



Felipe Valente

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